segunda-feira, 21 de maio de 2012

A Grécia é um país inventado



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José Luís Arnaut afirmou convictamente no programa Frente a Frente, na SIC Notícias, que "a Grécia é uma realidade política artificial, que até meados do século XIX não existe como país, é um país inventado, uma província do Império Otomano". Ao ouvi-lo, tudo levava a crer que pretendia com a sua intervenção fazer uma contextualização histórica da Grécia, atendendo à grave situação que atravessa.
A ignorância demonstrada, sobretudo, por quem exerceu cargos políticos de relevo, quer como ministro, quer na qualidade de deputado, é grave. Acresce o facto de continuar a fazer análise política num órgão de comunicação, o que é preocupante.
Por ironia, a palavra política, etimologicamente, provém do vocábulo grego "politeía" que se refere aos procedimentos relacionados com a "pólis" ou cidade-estado. Um político é um indivíduo ativo na política que desempenha cargos de decisão numa sociedade, daí a exigência e o rigor que deverão pautar a sua ação.
Quando a imagem que deixamos transparecer assume um carácter doutoral, como se estivéssemos a "dar uma lição", tentando mostrar que se domina a matéria em causa, há que saber do que se fala e como se fala.
Sabe que a democracia teve origem na Grécia?
Personalidades de relevo como Platão, Aristóteles, Homero, Policleto, Sófocles ou Eurípides são gregas. Será que lhe dizem algo?
A arte grega que deslumbrou os romanos não faz parte do seus conhecimentos?
A organização geopolítica da Europa foi sofrendo  alterações ao longo do tempo. A  Europa, após o Congresso de Viena, é diferente da Europa no final do século XIX.
É importante sabermos quando se começou a desenvolver-se o conceito de Estado-Nação.
A unificação da Itália e da Alemanha remonta aos finais do século XIX. Será que estes países não existiam anteriormente?
Portugal é o único Estado europeu, cujas fronteiras são, praticamente, as mesmas desde o tratado de Alcanizes, celebrado em 1297, no reinado de D.Dinis.
Manda o bom senso que recorramos ao silêncio e evitemos caminhos escorregadios, para que não façamos "figuras tristes".
Nós, simples cidadãos ficamos estupefactos e incomodados quando verificamos que fomos e continuamos a ser governados por políticos que desconhecem a História.
Mais uma vez sou levada a concluir que o conhecimento da História é vital.
Os políticos têm que saber do que falam, caso contrário correm o risco de caírem no ridículo.

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