domingo, 27 de janeiro de 2013



Sentimentos




Gosto, não gosto?
Avanço, recuo
Atrevo-me, fecho-me
Receio, medo...
Vontade, desejo?
Mentira ou verdade?
Penso e repenso
É bom sentir que gostam de nós.
Sentir o calor das palavras que nos envolvem
Sentir a presença de quem pensa em nós.

Evasão



Sairmos de nós, evadir-nos
Procurarmos outros espaços
Deixarmo-nos invadir
Viver, sentir, sonhar
Percorrer outros caminhos
Ultrapassarmo-nos e surpreendermo-nos
Regressarmos com outro olhar e sermos nós.

sábado, 26 de janeiro de 2013

Manifestação de professores




Os professores saíram, mais uma vez, à rua em protesto, dando conta das suas preocupações e frustrações. Uma classe profissional não respeitada, não acarinhada e injustiçada por quem quer continuar a ignorar o papel essencial que tem na sociedade. Os professores dão o que sabem, ajudam, lidam com situações diversas e têm que saber encontrar as respostas adequadas às situações.
Sou professora e à medida que o tempo passa, ao contrário do que se possa pensar, cada vez mais gosto do que faço, dou-me por inteiro à minha profissão. A minha satisfação passa pelo trabalho que desenvolvo com os meus alunos, tendo em atenção a sua formação global e pelos resultados que  atingem.
Não posso ficar indiferente perante os discursos que nos afrontam e as práticas que denotam recuos e mudanças que não perseguem a melhoria da qualidade do processo do ensino e da aprendizagem e têm subjacente, apenas, a racionalização dos recursos humanos, persistindo de uma forma incoerente na defesa da Escola pública  de qualidade e para todos.
Os sindicatos, ao ongo do tempo, nem sempre têm sabido defender de uma forma clara, justa e transparente os interesses da classe que representam. A incoerência patente entre o discurso e a prática faz com que muitos professores se distanciem, o que não significa que estejam de acordo com as medidas levadas a cabo pela tutela.
Lamento que alguns jornalistas, ao fazerem uma reportagem para a televisão em directo, se dirijam aos professores de uma forma pouco adequada, perguntando: "setor" de quê, ou "a quem estão a dar música".
Impunha-se que soubessem colocar questões pertinentes e demonstrassem mais respeito por uma classe, cuja função é determinante em qualquer sociedade. 

O Regresso aos Mercados



O regresso aos mercados surge como um algo de heroico a que temos, ou devemos render-nos e, provavelmente, agradecermos aos políticos que nos governam e julgam que nos conduzem no sentido certo, trabalhando e lutando arduamente pelo que é melhor para nós.
Será verdade? Não creio.
Regressar aos mercados significa o quê? Continuar a recorrer  ao crédito, ainda que a uma taxa de juro mais baixa. Os credores podem mudar, mas a dependência continua presente. Alguns bancos recapitalizaram-se e criaram as condições para a aquisição da emissão de dívida pública.
A credibilidade do Estado nos mercados financeiros é restaurada, mas há que ter em conta as pesadas medidas de austeridade e os sacrifícios que "esmagam" os Portugueses.
Regressar aos mercados não é sinónimo de crescimento económico, ou de melhoria da qualidade de vida dos Portugueses, nem tão puco se traduz no mérito deste governo. O mérito é do Banco Central Europeu, liderado por Mario Draghi, que em Agosto se comprometeu a defender o euro.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Cavaco igual a si próprio




Em Cavaco Silva tudo é medido, tudo é calculado ao mais pequeno pormenor.
A esperança que representa para alguns, poucos, diga-se em abono da verdade, rapidamente se transforma em desilusão. "As fundadas dúvidas sobre a repartição equitativa dos sacrifícios exigidos aos Portugueses" levou o Presidente da República a submeter o Orçamento de Estado (OE) para 2013 à fiscalização do Tribunal Constitucional (TC) sobre três normas, cuja constitucionalidade põe em causa, mas que não o impediram de o promulgar. Esta atitude é incoerente e aos olhos dos Portugueses injustificável.
Que vantagens resultam deste procedimento? Nenhumas, ou melhor, o OE entrou em vigor, mas perante o veredicto do TC poderá sofrer alterações. A única vantagem parece ir ao encontro de Cavaco Silva, que mais uma vez demonstrou não querer comprometer-se, demitindo-se das competências que lhe estão atribuídas e ignorando o juramento que fez sobre o cumprimento da Constituição no acto da tomada de posse. Reconheceu que a manutenção das medidas de austeridade provocam uma recessão em espiral, mas com certeza que não é alheio às políticas governamentais. Sublinhou a importância da equidade nos sacrifícios, mas quis chamar a atenção para a aplicação da taxa de solidariedade  aos pensionistas e reformados, o que não deixa de ser incompreensível na medida em que sugere a sua colocação num patamar diferente.
Os Portugueses gostariam que o Presidente da República tivesse a coragem de agir em conformidade com as necessidades do País.