sábado, 29 de setembro de 2012

As sombras de Miguel Relvas


As afirmações de Miguel Relvas proferidas no Algarve, perante uma assembleia de empresários, não devem ser levadas a sério, mas não conseguem deixar-me indiferente. Esta personalidade, cuja credibilidade é reduzida, não deixa por mãos alheias o que lhe vai na alma e não terá sido por acaso que disse que estavam a regressar sombras após décadas de luz. Não posso deixar de me interrogar. O que pensará e sentirá o próprio? Certamente tem a noção da sua fragilidade, quer como político, quer como cidadão.
Não deixa de ser surrealista sermos confrontados com afirmações deste teor. Pensará Miguel Relvas que é a luz que possibilita ver o melhor caminho a seguir? Atrevimento não lhe falta e, provavelmente, está convencido que o conteúdo do seu discurso merece uma reflexão que não deverá ser esquecida antes que um manto de sombras nos cubra e fiquemos sem alternativa. 
As trapalhadas que o caracterizam impedem-me que o olhe de forma séria.

Os ignorantes para António Borges


Ouvir António Borges causa-me sempre uma sensação de espanto mitigada pela indignação, que a sua arrogância e desfaçatez conseguem gerar.
Era de prever que a medida proposta por Passos Coelho, referente à Taxa Social Única (TSU), tivesse na sua génese um autor, que se considera a si próprio, o expoente máximo da inteligência e da lucidez a que acresce a eficácia e o sentido da oportunidade. Este consultor do governo para as privatizações teve o arrojo de insultar publicamente os empresários deste país pelo facto de terem chamado a atenção para os efeitos negativos decorrentes da TSU, caso fosse aplicada nos moldes anunciados.
É inadmissível que alguém, referindo a sua qualidade de professor, tenha afirmado, peremptoriamente, que ninguém passaria no 1.º ano na faculdade onde dá aulas se ousasse expressar um raciocínio contrário ao seu no que concerne à TSU. António Borges está convencido que  a sua sabedoria é única e despreza as ideias dos outros.
Será que defende o pensamento único? Não desconhecerá com certeza o que se passa nos outros países.
O que leva este senhor a persistir no insulto e a propor medidas que só poderão contribuir para a ruína de Portugal e dos Portugueses?
É triste ouvirmos pessoas que ousam proferir um discurso ofensivo, alicerçado na arrogância, em que a sensatez e o respeito estão ausentes.

domingo, 23 de setembro de 2012

Cigarras ou formigas? Parasitas



Miguel Macedo, ministro da Administração Interna cheio de "graça" afirmou em Campia, Vouzela: "Portugal não pode ser um país de muitas cigarras e poucas formigas".
Será que os políticos portugueses não têm a percepção que o seu estado de graça tem os dias contados?
Olhando para a maioria dos políticos portugueses que nos rodeiam, o que vemos?
Não conseguimos vislumbrar cigarras, que quanto mais não fosse, poderiam servir para alegrar as nossa vidas. Formigas? Tão pouco.
Vemos parasitas que sugam o que podem e não olham a meios para atingirem os seus fins.

O Conselho de Estado

Grandes expectativas? Não. Infelizmente, já estamos habituados à ausência de atitudes por parte daqueles que as deviam adoptar em tempo oportuno. Silêncios que se avolumam e se prolongam, indiferentes ao que alguns ainda acalentam. Esperança que se desvanece e transforma em indignação e revolta.
Após uma reunião, que se estendeu até ao início da madrugada, um comunicado foi lido. Ficámos a saber que a taxa social única (TSU) não seria aplicada da forma como tinha sido prescrita por Passos Coelho, mas não nos iludamos, outras medidas, igualmente injustas, foram anunciadas. É bom que tenhamos presente que o primeiro-ministro persistiu no corte dos dois subsídios para pensionistas e reformados, assim como num corte progressivo de 5%, tal como aconteceu, no governo de Sócrates, aos funcionários públicos que estão no activo. O debate tem sido focalizado na TSU, mas temos que estar atentos.

sábado, 15 de setembro de 2012

Manifestação de 15 de Setembro, a esperança na mudança


Há muito tempo que não via uma manifestação como esta. Pessoas de diferentes idades e estratos sociais em torno de um sentimento comum, marcado pela revolta e pela indignação, proclamavam pela mudança.
Ao chegar ao Saldanha, um mar de gente desfilava, a necessidade de justiça estava estampada no rosto de todos que iam caminhando ao longo da avenida da República. Era impossível ficar indiferente. Imagens passadas, de imediato, afloraram à minha memória e foi grande a emoção perante a força que vi e senti. A minha opção só podia ser uma, participar na manifestação. Sei que necessitamos de ajuda externa e não podemos dispensá-la, mas certamente haverá outras políticas mais justas e equitativas.
Os Portugueses souberam responder às injustiças anunciadas pelos nossos governantes, cuja incompetência e insensibilidade   a que se alia a arrogância saltam à vista de qualquer cidadão. 

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

A democracia portuguesa está ferida

                                                                                       A Alegoria da Caverna

O sistema democrático vigente em Portugal não responde às necessidades dos Portugueses. Vivemos numa sociedade em que os governantes, à medida que o tempo passa, são cada vez mais incompetentes e desprovidos de experiência profissional que os habilite para o exercício dos diversos cargos de forma credível e responsável, em que a eficiência e a eficácia estejam presentes. Falta de visão, ausência de espírito de missão, não definição de prioridades e direi mesmo falta de ética.
O respeito que os governados merecem e a que têm direito não consta do código de conduta, a mentira é utilizada de uma forma descarada e a prestação de contas não faz parte do caderno de encargos.
Será que temos de continuar a ser complacentes com este sistema?
A falta de pudor está subjacente à prática política  e o discurso oficial é construído no pressuposto de que os Portugueses são estúpidos e ignorantes.
A falta de equidade é patente, os sacrifícios pedidos e feitos não alteram os resultados, mas a persistência num caminho errado continua a fazer parte da agenda. 
A democracia está ferida. Os Portugueses estão indignados, não compreendem as políticas adoptadas e têm grande dificuldade em aceitá-las.

As afirmações de António Nogueira Leite

O vice-presidente da Caixa Geral de Depósitos (CGD), António Nogueira Leite, através de uma mensagem publicada na página pessoal do facebook afirmou: "se me obrigarem a trabalhar mais de sete meses só para o Estado, palavra de honra que me piro". À primeira vista esta afirmação poderá ser entendida como uma crítica severa às medidas de austeridade anunciadas pelo governo e uma voz que se junta ao coro dos que sentem na pele o impacto dessas medidas. Contudo, uma pergunta deve ser colocada.
Que moralidade tem António Nogueira Leite, que apesar de ter renunciado a todos os cargos remunerados, usufrui de uma situação de excepção, autorizada pelo governo,  e se traduz num vencimento cujo valor não tem nada a ver com os rendimentos auferidos pela maioria dos Portugueses?
A CGD onde Nogueira Leite exerce a sua actividade profissional é um banco do Estado e como tal não deveria ser objecto de medidas de excepção. O Estado deve agir com rigor e justiça e de forma exemplar.
A coerência deve estar presente na acção, o mesmo será dizer que há que retirar consequências e agir em conformidade.

A utilização do facebook

Cavaco Silva utiliza o facebook para enviar mensagens aos Portugueses como se os Portugueses tivessem acesso e soubessem utilizar esta forma de comunicação.
Passos Coelho recorreu à mesma rede social, na passada sexta-feira, na qualidade do amigo Pedro, para justificar as novas medidas de austeridade que irão agravar drasticamente as suas vidas, após ter assistido a um espectáculo na companhia da sua mulher, deslocando-se num carro do Estado, como se vivesse no país da "Alice das Maravilhas". A insensatez e a insensibilidade ficaram demonstradas. 
Impunha-se que o comportamento do primeiro-ministro tivesse sido diametralmente oposto. A sua consciência dever-lhe-ia ter ditado o recato.
 

sábado, 8 de setembro de 2012

As medidas de Passos Coelho

Existem pessoas que se julgam mais inteligentes do que as outras, mas ao analisarmos o que dizem ou o que fazem, é fácil concluir que essa "inteligência" não existe e estamos na presença de alguém que se atreve a menosprezar a inteligência dos outros.
Passos Coelho, ao anunciar  as novas medidas de austeridade, revelou fazer parte dos que pensam que conseguem enganar os outros, mas no fundo enganam-se a si próprios. Com grande solenidade e, tendo no horizonte o combate ao desemprego e  a exigência do Tribunal Constitucional (TC), o primeiro-ministro comunicou ao país um aumento de 7% na contribuição para a Segurança Social extensiva a todos os trabalhadores (públicos e privados), a descida da contribuição exigida às empresas, o corte de um dos subsídios para os funcionários públicos, sendo o outro distribuído pelos doze meses do salário e a manutenção do corte dos dois subsídios para pensionistas e reformados.
O TC considerou inconstitucional o corte dos subsídios, mas Passos Coelho e o governo persistem no erro. Os funcionários públicos ficam na mesma, ou seja, na prática vão auferir menos dois salários e os pensionistas e reformados continuam   a ser sacrificados. A equidade proclamada não existe, o que denota grande insensibilidade.
A realidade traduz-se no elevado esforço pedido às pessoas que vivem dos rendimentos do seu trabalho e  pagam escrupulosamente os seus impostos.
Alguém pode ficar satisfeito com o empobrecimento generalizado e a destruição da classe média?
Onde está a consciência dos governantes?. Onde estão os princípios e os valores da doutrina social da Igreja que servem de inspiração a um dos partidos da coligação?
Quando não somos capazes de resolver com seriedade, justiça e equidade os problemas devemos ter a humildade de agir em conformidade e criar as condições que possibilitem a adopção de outras políticas.
É difícil encontrar as palavras que descrevam o sentimento que se instala e envolve os Portugueses que vão perdendo a esperança e olham com grande desconfiança para os políticos que governam Portugal.

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Parabéns Professor Adriano Moreira




Ontem, dia 6 de Setembro, o Professor Adriano Moreira completou 90 anos. Personagem ilustre da nossa história que tenho o privilégio de conhecer e convidei para uma conferência realizada na escola onde trabalho. Estávamos nos finais da década de noventa do século XX e, no salão nobre da escola, uma assembleia atenta ouvia e "bebia" as palavras proferidas pelo professor sobre a globalização.
É grande  o fascínio que o Professor provoca através do seu discurso e da sua forma de estar. A sua inteligência, verticalidade e simplicidade marcam-nos e  suscitam admiração.
Na entrevista transmitida pela RTP o seu olhar sobre a sua vida é a prova da grande dignidade que o caracteriza. A ternura e a dedicação com que se referiu aos seus pais não deixam ninguém insensível. A lucidez com que analisou a evolução da sociedade leva-nos a concluir que é grande o seu conhecimento e sabedoria. 
A propósito do Estado Social, uma criação da doutrina social da Igreja e do socialismo democrático, uma afirmação, cheia de significado foi dita:"não se pode deitar a esperança pela janela."
Parabéns Professor.

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Sonho roubado


















Sonho desfeito.
Sonho roubado.
Por quem se esconde por trás do cinismo.
Por quem pensa que a maldade ilude a verdade.

Olhares trocados com cumplicidade.
Palavras eivadas de falsidade.
Sorrisos fingidos, dissimulados.
Ar de triunfo pela vitória, sem esforço alcançada.
Marcada por consciências imunes à verdade.

                                        

domingo, 2 de setembro de 2012


Setembro

Setembro começou, regresso de férias e o trabalho recomeça. Dias passados na praia vão ficando para trás. o verão está a despedir-se, não tarda, e tonalidades diferentes vão surgindo no horizonte.
Há imagens que se fixam na nossa retina e nos acompanham ao longo do tempo. Marcam momentos do nosso percurso e, sempre que nos vêm à memória, um turbilhão de sentimentos nos envolve. A felicidade e o prazer aliam-se à nostalgia e à saudade.
Três são as imagens que relembro com grande nitidez e, de imediato, viajo até Portalegre, Coimbra e Guarda. Um traço comum as enquadra, fim de tarde, o sol   na linha do horizonte, o contraste da paisagem com o azul do céu, como se de um recorte se tratasse. De um lado o sol a desaparecer e do outro a lua a querer espreitar. Luzes que se acendem e a noite lentamente vai caindo.
O meu olhar fica preso nesta beleza tamanha e por ela se deixa atrair.