quarta-feira, 2 de maio de 2012

Jerónimo Martins e o dia 1 de maio

O Grupo Jerónimo Martins decidiu no dia 1 de maio, dia em que se comemora o dia do trabalhador, colocar à venda os seus produtos com 50% de desconto.
A análise desta situação deve ser objetiva, ou seja, deve obedecer a uma apreciação dos factos tal como ocorreram.
Abrir um conjunto de lojas, no dia do trabalhador, revela falta de ética e de respeito,  não só pelos trabalhadores que desempenham funções nas empresas do grupo, mas também pelo significado da data celebrada que custou grandes sacrifícios a muitos.
Analisando a reação das pessoas, que acorreram em massa ás lojas Pingo Doce, somos confrontados com as dificuldades com que muitos Portugueses se debatem na atualidade e leva-nos a concluir que a miséria humana é exposta de uma forma inaceitável. 
Os acontecimentos deveriam ser objeto de uma reflexão da parte dos que os  propiciaram, mas que se arvoaram em defensores dos interesses dos mais fracos.
Todos sabemos que não estamos na presença de filantropos, pelo contrário, a  brusca queda dos preços, designada de "dumping", denota uma concorrência assente na deslealdade, que não abona quem a pratica. Se o móbil das suas intenções tivesse alguma ligação com atos de beneficência uma pergunta, de imediato, se impunha, porquê a escolha desta data?
Um gestor do grupo procurou justificar a data com a maior afluência dos clientes, mas é difícil acreditar na argumentação explicitada.
Não posso deixar de manifestar a minha indignação e revolta face ao discurso de alguns, que conseguem vislumbrar um acto de generosidade na medida adotada  pelo grupo Jerónimo Martins, considerando, que aqueles que atravessam maiores dificuldades, tiveram uma oportunidade para usufruirem de um benefício.
É lamentável que não queiram reconhecer que nada justifica o que aconteceu ontem, em que a condição humana acabou por ser explorada.
As tentativas de explicação enfermam, inevitavelmente, de subjetividade e é natural, que de acordo com a visão de cada um, a compreensão dos factos seja apresentada de forma diversa, mas todos deveríamos ter a lucidez para proceder a uma análise baseada na ética e na moral.  
  
  

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