terça-feira, 9 de abril de 2013

A dramatização de Passos Coelho


















1.º Acto - Passos Coelho prevendo a decisão do Tribunal Constitucional (TC), dias antes, afirmou que esta  instituição "tem de ter responsabilidade nas decisões que vier a tomar e no impacto que elas possam vir a ter no País" . A leitura do acordão do TC  deixou o Primeiro-Ministro em estado de choque, assim como o partido político que sustenta o governo, o que não deixa de causar estranheza, dado que, desde o início, era sabido que no Orçamento de Estado (OE) para 2013 estavam inscritas medidas, cuja inconstitucionalidade era clara. 

2.º Acto - Realização de uma reunião extraordinária do Conselho de Ministros para analisar o acórdão do TC. Leitura de um comunicado, pelo Secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros, Luís Marques Guedes, que informou que o governo não concordara com a leitura da Constituição da República, feita pelo TC, sobre algumas normas do OE para 2013. Foram assinaladas as graves dificuldades que o País iria ter no cumprimento dos objectivos a que está vinculado, assim como das metas orçamentais que tem de cumprir.
Perante a complexidade da situação criada, o Primeiro-Ministro pediu, de imediato, uma audiência ao Presidente da República.
O Presidente da República reiterou que o governo tinha condições para cumprir o mandato democrático.
Tudo parecia "correr sobre rodas", mas o acórdão do TC foi apontado como responsável de muitas das consequências negativas para os Portugueses.

3.º Acto - O Primeiro-Ministro faz um comunicado aos Portugueses onde refere que o Governo não irá aumentar os impostos, solução que parece ser a que o TC prefere,  na sua óptica, mas será através da contenção da despesa pública, designadamente nas áreas da educação, saúde e segurança social.
Afirma convictamente: "agirei até ao limite das minhas forças na defesa do interesse nacional".
Grande encenação e grande dramatização, a que não são alheios o "espírito de sacrifício e de abnegação" demonstrados por Passos Coelho, mas que me levam a tirar uma conclusão. Tudo parecia preparado. O caminho para retirar ao Estado funções que por ele deveriam continuar a ser assumidas está aberto.
A ideologia parece sobrepôr-se aos verdadeiros interesses de Portugal e dos Portugueses.

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