Foi ontem ratificado, na Assembleia
da República, o tratado europeu que consagra a célebre “regra de ouro” votada na
cimeira europeia de Dezembro último e assinado pelos chefes de Estado e do Governo
dos Estados-membros da União Europeia (UE), com exceção do Reino Unido
e da República Checa.
A aplicação desta regra obriga a que os países da UE façam uma boa gestão das finanças públicas para que haja um equilíbrio
orçamental. Os países da zona euro (dezassete) assumem o compromisso legal de manterem o défice estrutural num limite de 0,5% e a dívida pública sempre abaixo dos 60% do Produto Interno Bruto (PIB), estando previstas sanções caso as metas definidas não sejam cumpridas.
Os países da UE que não integram
a zona euro poderão, se assim o entenderem, aplicar esta regra.
Provavelmente, este tratado
irá criar grandes dificuldades, uma vez que é muito exigente e poderá originar políticas
que dificultarão, ainda mais, a vida das pessoas, aliás, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) alertou para os riscos decorrentes da sua aplicação.
De imediato, confrontamo-nos
com três categorias de países, os da zona euro, os que não aderiram ao euro e o
Reino Unido e a República Checa.
Na génese da construção
europeia estão Jean Monnet e Robert Schuman que defenderam uma
Europa forte, coesa e solidária, pois só assim se poderia manter a paz e evitar
o seu declínio.
O Tratado de Maastricht,
assinado em 1992, foi determinante na instauração de uma união económica e
monetária. Ficou definido que o défice público não podia exceder 3% do PIB e a
dívida pública não podia ultrapassar 59% do PIB.
A Europa, hoje, parece estar
afastada dos valores que presidiram à sua criação. Vemos os países mais desenvolvidos
a olharem com desconfiança para os menos desenvolvidos como se fossem um fardo e dos quais pretendem livrar-se. A solidariedade não existe e deparamo-nos com imposições
que acentuam a clivagem entre os países da UE. Não temos uma Europa, mas "várias".
As metas estabelecidas em Maastricht
não foram cumpridas por vários Estados-membros, mas nada aconteceu, os tempos
eram outros.
Esta "regra de ouro" inscrita no
tratado, que Portugal se apressou a ratificar, causa alguma perplexidade e revela um desvio do espírito subjacente à construção europeia.
A Europa tem que ser forte, coesa e solidária, para o bem de todos nós.
A Europa tem que ser forte, coesa e solidária, para o bem de todos nós.
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