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Quem
ouviu e viu a expressão do ministro-adjunto e dos Assuntos Parlamentares, ontem,
na Assembleia da República, só pode ficar estupefacto e pensar, isto passa-se
em Portugal, ou estamos a assistir a um filme de ficção?
Na semana passada o
ministro não se recordava de ter recebido mensagens, ou correio electrónico do Dr.Jorge Silva Carvalho. Não foi preciso ter decorrido muito tempo para que a memória
de Miguel Relvas se avivasse na Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos,
Liberdade e Garantias, pedida pelo Bloco de Esquerda, onde confirmou ter
recebido mensagens de telemóvel do ex-diretor do Serviço de Informações
Estratégico de Defesa (SIED), com sugestões de nomes para eventuais cargos. É
espantoso como após a assunção deste facto, Miguel Relvas considera que grave teria sido se tivesse respondido, o que disse não ter acontecido.
Várias questões se
colocam.
Porque lhe eram enviadas mensagens? Porque não informou, quem de
direito, que não estava interessado em receber informações dessa natureza?
O facto de Silva Carvalho ser uma pessoa muito respeitada, na opinião de Miguel Relvas, confere normalidade a acções desta envergadura?
Será
que um procedimento desta natureza é justificável?
Estamos na presença de uma pessoa que tem responsabilidades políticas e tem que ter a capacidade de saber até onde pode e deve ir. Há fronteiras. Nem tudo é válido.
Confirmou, também,
ter recebido “clippings” de Silva Carvalho, “informação aberta e não classificada”,
no seu entender, que foi apagando por não ter tempo.
Todas as conversas
que ocorreram entre ambos foram sempre banais, não falaram de assuntos
relevantes, mas apenas de temas da actualidade.
Tudo isto se
prefigura estranho, e direi mesmo peculiar.
Não querendo fazer processos
de intenção, esta situação escapa à racionalidade e as explicações apresentadas
não são convincentes nem coerentes. A promiscuidade de relações entre a classe
política e outras instituições toma forma, por outro lado, a confiança que um
serviço de informações deve ter esfuma-se.
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