O Presidente da República,
Cavaco Silva, no prefácio do livro sobre as suas intervenções, Roteiros VI,
acusou Sócrates de deslealdade institucional que ficará registada na história
da democracia portuguesa. Escreve que não tinha conhecimento do Plano de
Estabilidade e Crescimento (PEC) IV, o que veio a desencadear a realização de
eleições antecipadas, e refere as sucessivas chamadas de atenção sobre a crise
que se adivinhava.
Se o presidente teve essa
percepção cometeu um erro grave, dado que no âmbito das suas competências
presidenciais, poderia e deveria ter demitido o governo. Pergunta-se então,
porque não o terá feito? Interesses pessoais, interesses partidários, ou outros?
Todos sabem que o Presidente
da República é o Chefe do Estado e nessa qualidade tem a obrigação de zelar
pelos interesses do país. Tem mecanismos legais que lhe permitem agir, não é
uma figura decorativa.
O que terá impedido Cavaco
Silva de intervir?
Não se compreende que um político
com uma larga experiência se tivesse remetido a um papel de espectador. Fala
fora do tempo e o que expressa só pode provocar reacções negativas que o
colocam em xeque.
Os erros gravíssimos ocorridos
ao longo do governo de Sócrates não têm desculpa, não devem ser branqueados,
mas perante esta situação é natural que o seu partido se una e reaja.
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