Falam de tudo e de todos,
menos deles próprios.
Falam de educação, de saúde, de
economia, de futebol, de qualquer assunto que esteja na ordem do dia, como se
fossem especialistas. Não falam da sua classe, que permanece intocável, ou não
representasse ela própria um poder, a que muitos se vergam de forma contínua.
O que interessa é escrever um artigo ou analisar/comentar um determinado tema. Há que cumprir um calendário,
nos jornais ou na televisão, escrevendo artigos de opinião ou comentando,
semanalmente, de forma arbitrária e, muitas vezes superficial, o que está na
ordem do dia.
Falam e escrevem sobre os professores, como estes fossem uns
“malandros”, a escória da sociedade, que vive à custa do Erário Público.
Os professores trabalham pouco, ganham muito, não querem ser avaliados,
progridem automaticamente, têm muitas férias e outros tantos disparates, que
carecem de fundamentação e revelam ignorância. Os alunos têm maus resultados e,
de imediato, o dedo é apontado aos professores.
Prestam informações erradas, convictos que são possuidores da verdade, não
esclarecem e não cumprem com a sua missão. Dá trabalho aceder à informação
sobre o objeto da análise. É mais fácil alinhar meia dúzia de ideias e disparar
no sentido previamente escolhido.
Fica a sensação que estamos na presença de autodidatas, cujo percurso os
privou de ter professores, ou não aprenderam nada com eles.
Eis os iluminados, que andam a
reboque dos seus próprios interesses, mas que continuam a contribuir, de forma
errada, para a construção da opinião pública. Nada os belisca. Permanecem
incólumes.
Fico estupefacta com o
atrevimento mitigado de alguma ignorância que os identifica.
A propósito veio-me à memória
um provérbio: “vozes de burro não chegam ao céu”.
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