"Temos
enfrentado muitas dificuldades para baixar esta despesa [do Estado]. Mas quero
garantir-vos que saberemos superar essas dificuldades. Não iremos pôr o País em
risco por causa dessas dificuldades. Se as melhores soluções não puderem ser
encontradas, encontraremos outras soluções que podem não ser tão melhores, mas
que resolvam os problemas", disse hoje o primeiro-ministro na intervenção
oficial na inauguração do Centro de Memória Forte S. João de Deus, em Bragança.
Como adjectivar as palavras proferidas por Sua Excelência, Passos Coelho, primeiro-ministro de Portugal? Cautelosas, ameaçadoras, ou apenas comoventes?
Repare-se no conteúdo. Por um lado, parece haver a percepção das dificuldades a enfrentar, mas por outo lado, a convicção de que se as melhores soluções não puderem ser adoptadas, outras, que poderão "não ser tão melhores", correrão o risco de se transfomarem na via a seguir.
Gosto, particularmente, da expressão, "não ser tão melhores", mas tenho alguma dificuldade em entender o que poderá estar em causa. A construção frásica é estranha.
Uma "ameaça" velada parece estar implícita, ou estarei enganada?
A reforma do Estado impõe-se, mas terá que corresponder a uma reestruturação efectiva do Estado, organizando-o de forma eficaz e eficiente.
A redução das despesas do Estado tem que ser feita, não à custa dos que vêem o seu rendimento disponível descer de forma drástica, não sacrificando e maltratando os que trabalharam e descontaram e auferem reformas, cujo valor, nem sempre permite viver com dignidade, mas através da coragem que permitirá, por certo, ir à raiz do problema.